Tontura e risco de queda: conheça mais sobre a reabilitação vestibular

Muito comum entre os idosos, sintomas relacionados com doenças do labirinto podem ser tratados com reabilitação vestibular, proporcionando melhora na qualidade de vida.

idoso Você sabia que em média metade das pessoas idosas sofre, ao menos, duas quedas ao ano? Isso, na maior parte das vezes, acontece por conta de tonturas e vertigens. Muitos acidentes com quedas podem levar a consequências graves e até mesmo a morte. Por isso, é importante que as pessoas sejam informadas que na maior parte das vezes, as quedas poderiam ter sido evitadas com um trabalho de prevenção, que envolve orientação e treinamento, que chamamos de REABILITAÇÃO VESTIBULAR. Trata-se de uma intervenção com treinamento específico para tontura e vertigem e que tem bons resultados principalmente em idosos, que é o grupo mais vulnerável.

O principal objetivo da reabilitação vestibular é diminuir os sintomas de tontura e evitar quedas, principalmente em pessoas com disfunções vestibulares e alteração do equilíbrio corporal. Quando o labirinto (responsável pela percepção do som, gravidade e movimento) apresenta alguma alteração, podem surgir sintomas como tontura e vertigens. Essas disfunções são conhecidas popularmente por “labirintite”.

Os sintomas ocorrem quando a pessoa tem uma alteração na região vestibular do labirinto. O cérebro acaba recebendo informações erradas sobre a posição do corpo, espaço e movimento, gerando em sensação de mal estar, como se a pessoa estivesse rodando, flutuando ou caindo, mesmo que esteja parada. Este conflito sensorial pode resultar em quedas, limitam os movimentos gerando medo de levantar-se, caminhar e até se movimentar.

De acordo com dados do Censo de 2000, a queda é a principal causa de internação hospitalar na população com mais de 60 anos e foi responsáveis por 56,1% do total de internações. Ela é considerada a terceira causa de mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos no Brasil e pode afetar até 85% da população idosa.  De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria, entre as principais causas de queda estão: perda de visão, vertigens e desequilíbrio por alterações do labirinto, perda auditiva e redução da força muscular.

Envelhecimento e tontura: O avanço da idade não deveria implicar na perda de autonomia e independência. Por isso, é fundamental que o idoso se mantenha ativo e possa realizar suas tarefas diárias normalmente. Com o aumento da expectativa de vida observada nos últimos anos, a reabilitação vestibular tem se tornado uma aliada importante na promoção de saúde e qualidade de vida população principalmente entre a população mais idosa.

O envelhecimento é um processo contínuo, do qual não podemos escapar.  Nesta fase ocorrem declínios progressivos de diversos sistemas do corpo, incluindo o labirinto e o sistema nervoso central. Em idosos, a diminuição do equilíbrio está associada à redução da capacidade funcional, aumentando o risco de quedas. Daí a importância de um acompanhamento profissional adequado para tratar o problema e evitar acidentes.

Segundo um estudo realizado pela UNIFESP, a maioria dos idosos com alterações vestibulares e tonturas sofre pela limitação dos movimentos e consequente perda da sua independência, afetando diretamente suas relações e a qualidade de vida.

Os sintomas desencadeados por doenças do labirinto causam um grande impacto na vida e rotina do idoso. O medo de quedas e a sensação de mal estar produzida pela tontura e desequilíbrio fazem com que as pessoas se movimentem cada vez menos e percam sua autonomia, o que tende a agravar o problema. Diante disso, o corpo e a mente precisam de treinamento para recuperar e manter o equilíbrio ou então a insegurança pode causar perda de autoconfiança, irritabilidade, ansiedade e até depressão, aumentando assim os riscos de quedas.

É justamente isso que a reabilitação vestibular busca evitar. “A terapia é baseada em exercícios repetitivos personalizados, com objetivo de acelerar e estimular os mecanismos de neuroplasticidade de adaptação, habituação e substituição sensorial, proporcionando a compensação do equilíbrio de forma mais rápida.” - explica a fonoaudióloga Andrea Soares, da FONOTOM.

Como prevenir quedas e tratar a tontura: Segundo o Relatório Global da Organização Mundial de Saúde sobre a Prevenção de Quedas na Velhice algumas intervenções podem ajudar a evitar quedas. Entre eles estão: treino de equilíbrio, fortalecimento motor e o tratamento de problemas de audição e visão. A revisão no uso de medicamento que podem alterar o equilíbrio e até mesmo o ajuste de pisos e calçados, que possam facilitar a movimentação do idoso.

A reabilitação vestibular é uma terapia que auxilia no tratamento da tontura e redução de quedas, porém não é exclusiva.  Em muitos casos, a reabilitação vestibular precisa ser associada com outros tratamentos que podem ou não envolver algum grau de perda auditiva. Por isso, é fundamental uma avaliação otoneurológica completa, o acompanhamento do médico otorrino e o diagnóstico, para identificar o problema.

Algumas orientações gerais do Ministério da Saúde podem ajudar a prevenir quedas. Entre as principais, estão:
  • Nunca ande só de meias
  • Substitua os chinelos que estão deformados ou estão muito frouxos
  • Mantenha uma lista atualizada de todos os medicamentos que está tomando ou que costuma tomar, e forneça estas informações para os médicos com quem se consulta
  • Evite tapetes soltos
  • Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados
  • Use sapatos fechados com solado de borracha
  • Coloque tapete antiderrapante no banheiro
  • Evite andar em áreas com piso úmido
  • Evite encerar a casa
  • Evite móveis e objetos espalhados pela casa
  • Deixe uma luz acesa à noite, para o caso de precisar se levantar
  • Espere que o ônibus pare completamente para você subir ou descer
  • Utilize sempre a faixa de pedestre
  • Se for necessário, use bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio


  • Como é o tratamento com reabilitação vestibular: Antes de mais nada, é importante o paciente ser avaliado por uma equipe especializada e multiprofissional. O uso inadequado de medicamentos, má nutrição, falta de vitaminas e até mesmo fraqueza do sistema muscular podem ocasionar quedas e perda de equilíbrio. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico adequado para o diagnóstico e a atuação fonoaudiológica, que avalia as funções auditivas e de equilíbrio com exames específicos e realiza a reabilitação vestibular.

    Não se pode normalizar a tontura ou o desequilíbrio com o envelhecimento. Cada caso deve ser estudado individualmente para que seja indicado o melhor tratamento impactando positivamente na qualidade de vida do idosos.

    As doenças do labirinto não aparecem apenas na terceira idade. Eles podem ocorrer, também em adultos e crianças na fase escolar. Muitas vezes, essas crianças são consideradas desatentas e desajeitadas, mas o problema pode restar relacionado ao funcionamento do labirinto, e pode melhorar com a reabilitação vestibular.

    Se sentir tontura ou desequilíbrio, busque ajuda. A atuação de especialistas médicos e fonoaudiólogos podem contribuir para diminuição ou até remissão completa dos sintomas. Caminhar com equilíbrio faz parte da receita para uma vida longa, feliz e saudável.
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